Querida futura mamã…
São lindos os quartos de bebé nas montras das lojas, nos catálogos, no Pinterest. São fofinhas as roupas, as cores, as mantas, os peluches, até mesmo os biberons.
São amorosas as meias e os álbuns de fotos que planeamos encher.
Enquanto esperas a chegada do teu bebé, vês tudo isso e mergulhas numa viagem repleta de fofura, beleza e amor, para preparar o espaço do teu bebé.
É justo! Para além de justo, é divertido.
Mas e tu?

O tempo que durante a gestação dedicamos à preparação da chegada do bebé ao mundo ultrapassa a alta velocidade e distância o tempo que passamos a preparar a nossa entrada na maternidade e a recuperação da gravidez.
Se nos preocupamos com o pós-parto, é mesmo no pós-parto e não antes dele, e quando chega são tantas as demandas que nos vemos sufocadas com todas elas. Começamos a sentir os efeitos da privação do que nos faz falta e nesse momento é que começamos a pensar que “preciso disto e daquilo” e a tentar arranjar tempo e cabeça para no meio do turbilhão da primeira maternidade ou da adaptação a mais um filho na família, com todas as outras demandas de casa, trabalho, parceiro, família extensa, podermos encontrar um momentinho para algum equilíbrio para nós.
É porque como mãe e Deusa maravilhosa que trouxe mais um humano ao mundo precisamos de cuidados e recuperação que devemos mudar um bocado o nosso foco nos preparativos para a chegada do bebé. É necessário sim preparar o ninho para o bebé. Mas não há bebé feliz com mãe infeliz. Não há bebé tranquilo com mãe desequilibrada, e há bebés muito mais felizes e saudáveis com mães bem cuidadas.
Chega de só existirmos na sobrevivência. No que pudermos, e se isso não nos trouxer mais pressão e stress, atenção a isso, é bom procurar viver com qualidade de vida.
Em vez de passarmos tanto tempo e gastarmos tantos recursos no aconchego só do bebé, que tal dividirmos isso por aconchego de mãe e de bebé?
O que mais vai desequilibrar uma mãe no pós-parto vai ser a falta de descanso, paz, de uma dieta equilibrada e de um ambiente positivo à sua volta. Tudo isso vai se refletir nos estados de humor dela, que para além de mexerem com a sua saúde mental e emocional, quando agravados podem levar a uma depressão pós-parto, e também pode afetar a sua produção de leite. Também afeta a sua saúde física, o seu tempo de recuperação e os seus níveis de energia. Tudo isto tem reflexo na sua relação com o seu bebé que depende dela.
Reflete só nela e no bebé? Não, a qualidade da recuperação da mãe reflete também em todas as outras relações mais próximas dela e outras áreas da sua vida. Por isso o pós-parto é um momento tão delicado que normalmente levanta reclamações e exige adaptações da parte dos parceiros e familiares mais próximos. Isto pode levar a muita desarmonia no seio familiar se não soubermos o que se passa e o que fazer, e às vezes separações e divórcios.
Quando falo em pós-parto, não falo só do momento imediato de puerpério, nem de três a seis meses de pós-parto, mas sim uns bons dois anos após o nascimento da criança, que é o tempo real que uma mulher leva a voltar a sentir-se ela mesma, física, emocional e psicologicamente após ter passado pela jornada da gravidez, parto e puerpério.
Enquanto estamos grávidas, podemos ir traçando um plano de recuperação para nós. Um que tenha em atenção as nossas necessidades pessoais de apoio físico, psicológico, ajuda com o bebé e casa, apoio emocional, gestão das demandas profissionais, suplementação nutricional e descanso.
Podemos sentar um dia com uma caneca de chá e um caderno e fazer uma análise de como gostaríamos de ser tratadas, a quais são as demandas do nosso trabalho e como podemos nos organizar melhor num cenário em que temos menos tempo para elas, para as poder atender. Lembrando que ninguém é insubstituível e que é realmente necessário não nos deixar levar pela tentação de pensar que temos que fazer tudo. Planear ajuda.
A quais são as nossas necessidades nutricionais para termos mais energia e uma saúde reforçada com uma dieta que previna doenças e nos ajude a produzir leite de qualidade. Talvez uma visita a um nutricionista possa ajudar. O recurso a adaptogenos naturais (ervas que ajudam o nosso sistema a ter um nível de resistência elevado quando passamos por situações desafiantes sejam físicas ou psicológicas) como o ginseng, a ashwagandha e o chá verde, também pode ser bastante benéfico – para melhores resultados, um homeopata ou naturopata poderá ajudar no doseamento para cada pessoa.
A como e de quem podemos obter ajuda com o bebé, com as demandas da casa e da família para podermos ter tempo para descansar.
As nossas mães ensinaram-nos que “dona de casa não senta”. E elas não sentam de facto… Mas é facto que o corpo precisa de descansar, todas nós podemos ver, sentir e viver os efeitos da falta de descanso nas nossas vidas.
Como mulheres o nosso nível de irritação eleva-se quando estamos cansadas.
Quantas vezes já não brigamos, gritamos com que amamos por simplesmente estarmos cansadas e já não termos tolerância nenhuma a nada?
A que profissional recorrer em caso de sentirmos que precisamos de ajuda e apoio psicológico, e entendermos que isso é necessário sim e não é coisa de europeu.
Analisarmos que tipo de pessoa somos para podermos criar um ambiente propício para termos energia positiva à nossa volta. Gostamos de música, queremos ter a casa preenchida com música para melhorar os nossos dias? Preferimos estar mais recolhidas, ou queremos a companhia da família? Vamos querer ser mais mimadas, e de que forma? Vamos precisar de ir para a natureza com frequência? Vamos precisar de exercício físico, que tipo de exercício nos faz mais felizes e quando começar a praticar?
Tudo isto pode-se começar a planear durante a gravidez, mas não precisa ser um plano rígido. Muita coisa muda em todo o processo de maternidade e flexibilidade é a palavra de ordem. Podemos mudar de ideias a meio do caminho e querer outras coisas, outras pessoas, outros planos, aí atualizamos o nosso planeamento. O importante é preparar e executar essas coisas que queremos sempre tendo em vista o nosso bem-estar e o da nossa família.
Os nossos filhos merecem o melhor. O melhor para todo filho é uma mãe que está bem consigo mesma.
Sara
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