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Enquanto Parires, Dança

Hey, mamã!

Está aí a chegar o grande dia de conheceres o docinho que andas a cozinhar dentro de ti.





Há muita ansiedade, há a incerteza de não saber em que dia exactamente será, como será, quanto vai doer, como serás atendida, e se vai correr tudo bem ou haverá alguma surpresa desagradável.

Deixa-me dar-te umas dicas para que te mantenhas no estado mental mais positivo possível para o dia de parires.


Primeiro quero te dizer que és totalmente capaz! Já vieste ao mundo equipada com todo o “material” necessário para parir: o teu corpo. O corpo de uma mulher está especialmente desenhado e equipado para a concepção, gestação e parto. Portanto quanto à tua estrutura física já está, um check na tua lista para que te sintas segura e confiante.


Segundo, o teu corpo inicia e efectua o parto de forma autónoma, tal como inicia e efectua um vómito, um fazer xixi, um fazer cocó. Ele sabe que movimentos fazer para expulsar o que tenha que ser expulso do teu corpo, incluindo um bebé. Tudo o que tu tens que fazer é renderes-te ao que te vai acontecer, como te rendes quando fazes, xixi, cocó ou vomitas. Ele vai entrar em acção sem precisar que tu ou qualquer outra pessoa lhe dê algum comando. Rende-te e deixa-te acompanhar, segue as ordens do teu corpo. Lutares contra ele só te dificulta a vida, o teu corpo sabe o que fazer, confia em nele.


Claro, há situações em que uma indução é necessária. Mas fica atenta, pois a nossa mentalidade de hoje, que é uma em que impera uma ansiedade e necessidade de que tudo seja previsível, agendado e rápido faz-nos muitas vezes precipitar-nos e desaprendermos a viver em harmonia com o ritmo da nossa própria natureza. Temos a necessidade de catalogar tudo, inclusive o nosso tempo de gestação. O que não funciona bem para todo mundo, porque do mesmo jeito que cada mulher tem o seu tempo menstrual, cada mulher tem também o seu tempo gestacional. É preciso estarmos mais conectadas com o nosso corpo para não nos apressarmos, nem nos deixarmos ser apressadas por outros para uma indução, mas sim induzir quando existe realmente necessidade médica, ou quando em conexão consciente com o nosso corpo os nossos instintos nos dizem que esse é o melhor caminho.


Terceiro, entra no mindset de que tens o poder de trazer vida ao mundo. Pára um segundo aqui e respira três vezes: eu quero que te dês bem conta do que significa trazer vida ao mundo.


Do que significa pegar em duas células e transforma-las em trilhões delas para fazer um ser humano. Do que significa dar alma a um corpo, do que significa trazer este corpo de dentro de ti para o mundo exterior. Do que significa a grandeza de todos estes actos: és uma tremenda duma Deusa! Se Deus criou a primeira vida humana, tu és a embaixadora Dele para continuar a criar vidas humanas neste planeta. Quão grandioso é isso?


Actos grandiosos não vêm sem execuções grandiosas, por isso o trabalho que o teu corpo faz desde a gestação até ao parir é grandioso, é um trabalho que utiliza as tuas maiores energias e te leva ao teu extremo. Isto não é fraqueza, muito menos é sofrimento. Isto é poder! Isto é reunir todo o teu poder e fazer aquele “kamehameha” do Son Goku. É reunir todo o teu poder e transformares-te num vulcão que entra em erupção. Tanto poder, leva imensa energia e desgasta sim, por isso precisas descansar bastante depois de todo esse trabalho.


Da mesma forma que os súper heróis precisam reunir tremendas quantidades de poder para fazer transformações, destruir vilões, ou fazer aparecer coisas, tu reúnes todo o teu poder para trazer vida ao mundo. Até Deus criou o mundo e “descansou ao sétimo dia”. O esforço todo que fazes, a dor toda por que passas é o que é necessário para trazer vida ao mundo, não é sofrimento.


Imagino que Deus também tenha ficado exausto e dorido, por isso precisou de descansar. Mas não sentiu que sofreu, se alegrou com a sua criação. Muda a mentalidade de que mulher sofre durante o trabalho de parto, para mulher que está no máximo do seu poder durante o trabalho de parto.


Que cada grito teu seja um grito de guerra, de destemor, de coragem, de expressão do teu poder, e não de sofrimento, medo e incapacidade. O que tu tens é poder!

Em quarto lugar, do dia do teu parto a um ano, o que vais fazer nessa data? De certeza que vais dar uma festa, que vais comemorar o nascimento da tua cria, vais encomendar ou fazer um bolo, decorar a casa, pôr música, celebrar, estar feliz! É um ano de vida da tua cria que comemoras, é o dia do seu nascimento que comemoras. Que é que isto te diz sobre o próprio dia do nascimento? Se em um ano tu vais estar feliz, alegre e comemorativa, porque é que no próprio dia não hás de estar?


Porque dói, me dirias. Sim é verdade, mas já passamos por aí no parágrafo anterior. Não associes a dor do parto a sofrimento, é intensidade, é poder! Associa-la a sofrimento só te vai fazer ficar mais tensa, sentir mais dor e te por num estado de espírito negativo, iniciando um ciclo de medo, tensão, dor que se perpetua. Associa o que estás a passar a bravura.


Associa a dor ao que é necessário fazer para trazer para os teus braços essa criaturinha que vais encher de amor, que te vai encher de amor e que te vai dar tantas alegrias como nunca tiveste antes na vida. Essa criaturinha que estás doida para conhecer, abraçar, cheirar, beijar, lamber, fazer adormecer, e ter aquela conexão única que só existe entre mãe e filho e nos acalenta o coração como mais nada no mundo.





Ao veres o teu parto por essa perspectiva, não é motivo para festejar? Não é motivo para criares um ambiente de alegria e animação para o teu parto? É motivo para decorares o lugar em que vais parir com coisas que te tragam boa energia, como decorarás o espaço da festa em um ano. É motivo para teres comida que gostas, para ires comendo e fortalecendo o teu corpo, dando-lhe nutrientes para ele despender a energia necessária para parir. É motivo para estares feliz, e rires muito na companhia das pessoas que amas. É motivo para pores as tuas músicas preferidas e dançares.


E quando falo em dançares, dança. Dança sim!


É a minha quinta dica: dança tudo o que puderes dançar. Mexe as ancas, a tua pélvis tem o formato de uma bacia sem fundo onde o teu bebé está contido. A parte de baixo da bacia é mais pequena que a parte de cima, para que o bebé passe é preciso algo de movimento para ajudar-lhe a menear-se até sair. Quanto mais mexeres as ancas, mais a tua pélvis vai estar a peneirar esse bebé e a ajudá-lo nos seus movimentos de descida. Seja de forma mais vigorosa com um kwassa kwassa, ou de forma mais suave com um rebolado de dança do ventre ou tarraxinha mais lenta, ou o simples mover as andas para a frente, para trás e para os lados estarás a ajudar a que o teu bebé desça mais rapidamente. O que não ajuda mesmo é passares o teu parto deitada de costas. Isso te vai trazer muito mais dor.


Dançar vai não só pôr-te a peneirar o bebé, mas também aliviar-te o stress e a tenção, vai ajudar a segregar endorfinas que te vão fazer sentir bem e inclusive funcionam como um leve analgésico para a dor das contrações.

Tu vais lembrar-te do dia do teu parto e de como foste tratada para sempre, seja ele bom ou mau.


Quanto mais positiva for a mentalidade que levares para o teu parto melhor será para ti. Se os elementos mentais, emocionais e do ambiente à tua volta forem positivos, eles todos contribuem para que segregues as endorfinas que vão funcionar como o teu analgésico natural. Estares segura sobre a capacidade do teu corpo de parir, confiante no teu poder, teres contigo gente que te traz energia positiva e te anima, manteres o bom humor e ríres-te muito, teres um ambiente que te traga sensações boas e dançares ajuda muito no teu parto. Ajuda a estares num bom humor e a mante-lo, ajuda a tornares o dia do teu parto no mais positivo possível.


Por isso põe-te alegre! É dia de festa!


Sara


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First photo credit: shutterstock

Seccond photo credit: Ob-gyn and Midwife Association

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