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Dois Benefícios De Passar Pelo Canal Vaginal

O parto natural tem benefícios, só por o deixarmos decorrer de forma natural. O nosso corpo é a mais perfeita máquina do mundo e quando cuidamos bem dele ele desempenha o seu trabalho de forma tão bem executada, que nem nos damos conta de todas as maravilhas que faz.






De todas as maravilhas que acontecem numa conceção, gravidez e num parto natural, existem duas bastante interessantes que aprecio.


Quando o nosso bebé está a ser parido por via vaginal, ele tem que passar pelo nosso canal vaginal, que é estreito – e que por razões prazerosas até preferimos que seja. Mas o bebé tem uma cabeça de aproximadamente 10cm de diâmetro e o corpo dele tem uma grossura bem maior do que a de um pénis, com que estamos mais familiarizadas, o que faz muita mãe de primeira viagem recear a passagem de um ser humano inteiro por esse caminho.


Porque é que o caminho de saída desse ser humano não é outro? Ou porque é que a natureza não desenhou um mecanismo de abertura mais fácil do nosso corpo para o nascimento dos bebés?


Na biologia, toda a forma precede a sua função. Há duas razões especiais para que o bebé tenha que passar pelo nosso canal vaginal estreitinho.

Os dez centímetros de diâmetro da cabeça do bebé, são moldáveis. Os ossos do seu crânio ainda não estão totalmente solidificados, então ao passar pelo canal vaginal eles se sobrepõem um ao outro para que a cabeça se molde ao canal vaginal da mãe. Por isso os bebés nascem com um formato de cabeça mais parecido com um ovo que depois com o tempo vai mudando e arredondando, mas é no tronco do bebé que a magia acontece.


Ao passar pelo canal vaginal estreito, a caixa toráxica do bebé é apertada consideravelmente. Este aperto, longe de causar algum dano ao bebé, é extremamente benéfico para ele, pois ele esteve durante toda a gestação em ambiente aquático, engoliu e aspirou líquidos. Ao passar pelo canal vaginal, o bebé é todo espremido e os líquidos que estão dentro dele são expelidos pelo seu nariz, ajudando- o a não ter dificuldades para respirar ao nascer.


Quando o parto é sem medicação para aceleração ou indução dele com aumento da atividade uterina para ter contrações mais rápidas e mais fortes, e quando o corpo da mãe é saudável, ele se sincroniza com o corpo do bebé para fazer a pressão necessária para o corpo daquele bebé. Noutro parto será conforme outro bebé.


De forma natural, então, os nossos corpos asseguram-se que o começo da vida externa do bebé em ambiente seco, não seja atrapalhado pelos resquícios da sua vida aquática.

Para assegurar que este processo foi feito com eficiência, porque não há como observar o expelir dos fluidos, as equipas médicas auscultam o bebé imediatamente à nascença procurando sons que lhes indiquem se existem fluidos ou não ainda nos seus pulmões e vias respiratórias e procedem à aspiração deles com o aspirador nasal.


A outra maravilha que acontece durante a passagem do bebé pelo canal vaginal, é a colonização dele pelas bactérias do canal vaginal materno. Os olhos, nariz e boca do bebé têm membranas humidificadas (mucosas) com uma capacidade de absorção incrível que recebem todas essas bactérias e as inserem no corpo do bebé.


Apesar de isto soar mau, não é de todo! O ambiente aquático em que o bebé vive durante a gestação é estéril, completamente livre de vírus e bactérias, a menos que a mãe tenha adoecido com algum tipo de doença que passe a barreira placentária como a malária.


Ao nascer, no entanto, ele vem para um ambiente em que estão presentes todo o tipo de vírus e bactérias e precisa de defesas. Quando nós não temos defesas, muito facilmente somos atacados por esses vírus e bactérias.


Uma vacina, funciona introduzindo no nosso corpo uma quantidade controlada de um vírus – somos colonizados pelo vírus-, para que o nosso corpo reaja defendendo-se dele. Identificando o inimigo, reforçando as suas defesas, atacando-o e eliminando. Esse reforço de defesas cria a nossa imunidade a esse vírus, e é assim que as vacinas funcionam. Na próxima vez que formos expostos a esse vírus já o nosso corpo o sabe combater e por isso não adoecemos.


A colonização do bebé pelas bactérias do canal vaginal da mãe, em número equilibrado, ocorre para os mesmos efeitos.


É como se fosse a primeira vacina do bebé.

Minutos mais tarde, depois de nascer, a segunda colonização bacteriana acontece quando o bebé mama o peito da mãe. A terceira acontece ao ser exposto a longo prazo às bactérias do ambiente em que nasceu.


É importante que a mãe faça exames no final da gestação para saber como estão os seus níveis bacterianos na flora vaginal. Se eles estiverem em níveis demasiado elevados, há desiquilíbrio, atenção. Especialmente da bactéria streptococcus, ou se houver uma infeção pelo vírus do herpes genital, isto será nocivo ao bebé podendo até por a sua vida em risco.


Apesar de o nosso corpo ter todo um mecanismo que naturalmente funciona fascinantemente bem, ele funciona se tivermos saúde e cuidarmos bem dele.


Sara

Photo via: ig @victoria_berekmeri

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